quarta-feira, junho 16, 2010

Uma HOMENAGEM ao NORBERTO RODRIGUES, de Saudosa e Feliz Memória

Norberto Rodrigues – Um colega a recordar



Norberto Daniel Rodrigues nasceu em Vilarchão, concelho de Alfândega da Fé, a 02 de Junho de 1945 e faleceu em Braga a 21 de Agosto de 2009.
Cursou, a partir do ano de 1957, os Seminários de Vinhais e de Bragança, donde seguiu para abraçar a carreira militar.
Espírito aberto e dedicado às letras, publicou em 2003, como edição da Câmara Municipal de Alfândega da Fé, o livro “Na Embalagem, o Amor”, como pretensa autobiografia romanceada.
É desse livro que retiro alguns apontamentos.
Licenciado “em Filosofia pela Faculdade Pontifícia de Braga” e Coronel na reserva, contou “duas comissões em Moçambique, uma como Alferes Miliciano e outra como Capitão”.
Foi “condecorado com as Medalhas Comemorativas das Campanhas das Forças Armadas – Moçambique 1966-67 e 1974-75 e ainda com a Medalha D. Afonso Henriques – Patrono do Exército de 2.ª classe. Foram-lhe “atribuídos 11 louvores, 6 dos quais são de Oficial General”.
Curiosamente, o livro começa com a sua despedida do Seminário, assim: “O táxi fez a curva à esquerda, prestes a deixar o jardim da entrada do Seminário de S. José. Nesse momento percorri a vista pelos maravilhosos e simétricos canteiros, olhei comovido a estátua do santo anfitrião, admirei uma vez mais a fachada monumental do edifício, numa despedida escolar definitiva”.
Seminário para onde seguiu, depois de os seus pais coordenarem “os preparativos com o Professor Lauro e com o padre Rosas, já eu o ajudava à missa, para me candidatar ao exame de admissão ao Seminário”; e de onde tomou a decisão de sair: “Era altura de informar a minha decisão. […] “– Não desejo voltar para o Seminário…”.
Parece-me interessante trazer aqui outros registos – estes relacionados com o amor, de tal forma evidenciado nesta sua obra que o levou a incluí-lo no próprio título:
Amor à terra – Vilarchão - terra natal; Parada - terra de eleição; e Bragança - O Seminário; amor à Pátria - “estávamos felizes, tínhamos cumprido o dever para com a Pátria, tínhamos cumprido a missão”; amor à família: aos pais, aos irmãos, ao avô, aos tios, aos primos e aos filhos; amor à mulher com quem se casou: - “Dirigi-me então ao Colégio do Sagrado Coração de Jesus, mais conhecido pelo Colégio das Freiras, para visitar a Joana”; “A Joana fora ao longo destes anos uma mulher querida”; amor ao trabalho, aos costumes e tradições - os palheiros onde dormiam os segadores; “tirar a água do poço”, “a carreira para Alfândega”; às instituições - “admissão ao Seminário”, “o Professor Lauro”, “o padre Rosas”, Mafra e Abrantes; aos amigos - “o trio do Sendim da Ribeira”; a Esmeralda, junto à fonte; “o Alexandre e a Armanda!”; amor à própria vida - no Luatize – sozinhos, sem rádio; as armadilhas; e, longe do teatro de guerra: “apreciei a sensação benéfica de estar fora de perigo, distante das emboscadas e das minas”.
E mais estes “amores”: A PIDE; os bufos na Universidade; “o pau de Cabinda” e “o pau de marmeleiro”.
Quando me foi dado fazer a apresentação deste livro na terra natal do Norberto, em Vilarchão, terminei afirmando:”Se, pelas características deste livro, assumido como romance, o podemos considerar como pioneiro no Concelho de Alfândega da Fé, em relação a uma significativa amostra etnográfica e a um registo de situações a que o povo já não se sujeita, também por outras tantas, entendo que o podemos considerar como valorizável fora das fronteiras do Concelho.
Uma das mensagens mais belas deste livro é, sem dúvida, o amor. E o amor […] é intemporal e universal”.
O Norberto Rodrigues permanecerá na memória de todos como um óptimo companheiro, sabendo reconhecer as virtudes dos outros, sempre bem disposto e dialogante, ligado, por merecimento próprio, a todo o bem que emerge desta caminhada na qual todos nos vemos envolvidos.
Tendo em conta a sua condição de militar, a fim de ilustrar a grandeza do seu carácter, permita-se-me registar esta passagem do seu livro, que poderia intitular de “O Oficial de Operações”
“Nesses meses de estadia no Norte de Moçambique, em que a minha Companhia esteve junto da Companhia de Comando e Serviços, o Oficial de Operações foi o nosso líder.
Ele demonstrou, no campo de batalha e nas relações diárias com cada um de nós, o cultivo das mais altas virtudes militares.
Ele exibiu a sua competência no planeamento de operações militares arriscadas, e dando o exemplo, ao comandar essas mesmas operações.
Ele apresentou-se como um Oficial amigo, capaz de dar um conselho, uma ajuda instantânea, em qualquer circunstância.
Ele foi altruísta. Por exemplo, na sua viagem de férias à Metrópole, a sua primeira visita foi aos doentes do Batalhão, que tinham sido evacuados para o Hospital Militar.
Assim, ao longo do tempo, esse Oficial foi deixando em cada um de nós, uma marca indelével da sua personalidade, fruto de acções compartilhadas no campo da virtude e da honra; é esta gratidão e orgulho que se sente, ao trabalhar, colaborar, num desígnio patriótico, com um homem de estatura superior”.

Macedo de Cavaleiros, 16 de Junho de 2010

Manuel António Gouveia
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Ainda que passado já há algum tempo, deixamos à Família do Norberto os sentidos PÊSAMES de quem sempre o teve como um dos NOSSOS AMIGOS DO SEMINÁRIO DE VINHAIS/BRAGANÇA! E, se o puder receber, UM GRANDE ABRAÇO PARA ELE...

2 comentários:

Anónimo disse...

Norberto era um amigão. Sempre esticadinho. Tinha dificuldade em pronunciar a palavra Israel. Aconteceu-lhe, uma vez que nos declamou poemas da sua autoria numa reunião
de congregados...
Encontrei-o de oficial de dia no Cismi em Tavira. Foi impecável e protegeu-me duns abutres que por lá
havia. A mim, depois de saber da sua partida, fica-me uma tristeza absolutamente sentida. Paz à sua alma e que esteja no céu.

http://amigos-seminario-vinhais.blogspot.com/ disse...

Seja quem for, presumivelmente um grande amigo do Norberto, venha encontrar-se com os AMIGOS DO SEMINÁRIO DE VINHAIS no ÚLTIMO FIM DE SEMANA de JUNHO!
Valeu?
Um abraço!