quarta-feira, agosto 26, 2015

A INVASÃO DA EUROPA - 1

O Virgílio do Vale envia uma das suas apreciadas e bem-vindas reflexões, que, como é desejável, poderá ser partilhada pelos múltiplos leitores e, com todas as probabilidades, pelos Amigos-Seminário-Vinhais/Bragança, ou, melhor e mais diretamente dizendo, pelos Ex-Alunos do Seminário.

               " A  INVASÃO  DA  EUROPA - 1
                Estamos a assistir, diariamente, à entrada de milhares de pessoas em países dos Balcãs, em fuga constante dos teatros de guerra no Médio Oriente, ou fugindo à fome desde o centro da África, onde o subdesenvolvimento económico é gritante e ameaça as populações à morte pela fome, por pestes e pela falta de toda a série de condições para se viver uma vida minimamente digna. Esses milhares de indivíduos têm como meta os países mais ricos do Norte da Europa, onde almejam chegar para obterem asilo político e vencimentos de sustentabilidade vital.
                Vemos esse espectáculo degradante pela TV e lemos as notícias nos jornais e mal nos damos conta da enormidade do problema que se está a criar para as populações de todos os países onde chegam esses foragidos. Imaginamos o sofrimento de toda essa gente que caminha dias e dias sem roteiro certo e damos connosco a lutar com sentimentos opostos no nosso espírito – a compreensão das suas razões, a comiseração pelo sofrimento que se adivinha em todos eles e, por outro lado, a revolta contra os responsáveis de toda esta tragédia que se está a abater – hoje sobre os migrantes e, amanhã, sobre as populações que lhes derem asilo. Os governantes dos países de origem é que são os culpados de toda esta tragédia, pelas guerras civis intermináveis que travam e que transformam esses territórios em lugares indesejáveis para se viver.
                De facto, a Europa é bastante mais rica e poderá acolher muitos milhares desses foragidos, mas tudo tem limites e terá de haver um final para estas deslocações, a curto ou médio prazo, sob pena de haver convulsões sociais de violência extrema, com resultados imprevisíveis quer na economia dos Estados, quer na paz social que até agora se tem vivido, por toda a Europa. E, no meu entender, a solução não está no acolhimento ilimitado de todas essas populações em fuga permanente, mas sim na obtenção de condições de segurança e sustentabilidade económica nas suas terras de origem, seja no médio Oriente, seja nos países subsarianos.
                Por outro lado, é bom ter em linha de conta que essa gente, para lá da fome, transporta consigo um código genético próprio e uma cultura muito diferenciada da cultura europeia. E se nos primeiros tempos aceitam as condições que lhes são oferecidas, após se instalarem iniciam todo um processo de reivindicações e tentativas de imporem à sociedade os seus princípios de cultura, às vezes com recurso à violência. Todos sabemos que, na sua maioria, são seguidores do Islão e teremos de ter isso em atenção, sem qualquer recurso a xenofobias despropositadas, mas sem nos deixarmos levar por sentimentalismos canhestros e prejudiciais para um futuro sadio da nossa gente.


Virgílio do Vale"

Parabéns, Virgílio, pela lucidez e pertinência na análise de um problema que já tomou contornos a uma escala mundial.