segunda-feira, julho 11, 2005

Música e POEMA geniais!!!


CINQUENTA ANOS!!!

Coro:

Há cinquenta anos, dávamos entrada

Neste Seminário p’ra novo caminho,

Com um fato escuro e a alma lavada,

Com frescor de cardos, cheiro a rosmaninho.

1.

Palavras pesadas, silêncios medonhos,

Foram-nos moldando a irrequietude,

Os gestos, o viço, os delírios e os sonhos,

Em nome da lei de uma santa virtude.

2.

Por ela sonhámos altares, incenso,

Cravámos as unhas num corpo odiado;

Quisemos ser lírio num corpo retenso

Com a seiva em luta com Deus e o Diabo.

3.

Por ela passámos momentos aflitos

De horrores, de inferno, de enxofre e tortura;

Por ela calámos, humildes, contritos,

Gritos de revolta, ansiedade e censura.

4.

Por ela nos davam números concretos

Da medida exacta do nosso valor,

Como se uma escala medisse os afectos,

Os gestos, os sonhos, o medo e a dor.

5.

O mundo lá fora, morria nos muros.

Cá dentro nem cores, perfumes, nem danças

(Que os olhos deviam permanecer puros),

Nem beijos, sereias, feitiços, mudanças.

6.

Como era previsto - defeito do gesso

Que não suportou a perfeita moldura -

Partimos daqui, viagem sem regresso,

P’ra abrir outras brumas, florestas, lonjura.

7.

Talvez nos ficassem da velha moldura

Uns restos de fibra, de luz e de braços

Com que removemos, na nova aventura,

Muralhas e silvas, brumas e sargaços.

8.

Aqui estamos hoje como caminheiros

Que, lassos, evocam da vida a jornada

E sentem saudades de ver companheiros

E as marcas dos passos da primeira estrada.


FANTÁSTICO! Representações do imaginário de tanta gente!... Não concordas?

Música e POEMA de António de Jesus Martins (Felgar), produzidos para o Encontro de Junho de 1997, precisamente aquele em que o Curso celebrava os 50 anos de ingresso no Seminário de Vinhais.
Ouvidos e lidos, quer a Música, quer o Poema, são o produto admirável de um genial artista! Nunca é tarde para, mais uma vez, felicitar o AUTOR, que é um dos dinâmicos “Caloiros” de 1947-1948, cuja lista se transcreve:


Os BRAVOS de 1947-1948:

João Manuel Gonçalves, Parada - Bragança; João Baptista, Zoio; António Manuel Subtil, Grijó de Parada; Francisco António Pires, Parada; Francisco António Pires, Varge; Armindo dos Santos Afonso, Carrazedo; Ângelo dos Santos Vaz, Zoio; Henrique Augusto Fernandes, Vilarelhos; Armando Augusto Morais, Vila Nova; Aníbal Armando Inocêncio, Vilarchão; António Joaquim Baptista, Cerejais; Júlio dos Santos Morgado, Picões; Manuel Maria Cardoso, Linhares; Mário Albino Borges, Paradela - Car.; António Júlio Topete, Carviçais; Manuel Augusto Corredeira, Freixo de Espada à Cinta; Adelino Afonso Valente, Fornos; Manuel Augusto Brás, Freixo de Espada à Cinta; António Augusto Estácio, Freixo de Espada Cinta; Ismael de Jesus Silva, Brinço; Manuel António Matias, Podence; Guálter Benigno Pinheiro, Vila Nova; Ilídio Alfredo da Costa, Corujas; José S. Pedro Antão, Genísio; João Inácio Rafael, Barcel; António Manuel Morais, Avidagos; Manuel Fernandes Sobral, S. P. de V. do Conde; Francisco do Patrocínio Silva, Bemposta; Francisco Joaquim Morais, Soutelo; Armando Augusto Linhares, Bruçó; Luís Jacinto Soares, Vil. da Castanheira; Aníbal José Martins, Valverde; António de Jesus Martins, Felgar; Aurélio Araújo Ferreira, P. dos Castelhanos; Ramiro Afonso Pontes, P. dos Castelhanos; António dos Santos Pinto Amaral, Carvalho de Egas; Tito José Fernandes, Benlhevai; António Augusto Fernandes, Mirandela; Adérito José Fernandes, Trindade; Joaquim Gonçalves Fernandes, Oviedo; José Alberto Rodrigues Fagundes, Vale de Frades; João Baptista Cruz Castanho, Vale de Frades; José Ferreira Prada, Argoselo; Gualdemiro José da C. Lopes, Estevais - Mogadouro; Nuno Duarte dos Reis, Vilar Seco de Lombo; Fernando da A. Pires da Silva, Pinheiro Velho; Clemente Baptista Fernandes, Cidões; Manuel Carlos Dias, Fornos; António Manuel Fernandes, Ousilhão; Jerónimo de Azevedo Pires, Penso; António Albino Vaz das Neves, Ifanes.

Extracto do Suplemento do N.º 1341 do Mensageiro de Bragança, de 27 de Novembro de 1970, p. 29

4 comentários:

Anónimo disse...

Gostaria de saber se esse Manuel Maria Cardoso é o meu pai, ele já faleceu, mas coloquei o nome dele na internet e foi cair aqui nessa pagina e como ele fez seminário e era de Linhares, precisamente Carrazeda de Anciães, imagino que seja mesmo o meu pai, será que não teriam fotos dessa época ?
Ficaria muito feliz
Desde já agradeço pela atenção
Claudia Cardoso
meu email é cscardoso@terra.com.br

ChFer disse...

Olá, Cláudia Cardoso:
Tudo leva a crer que os seus dados identificam o Manuel Maria Cardoso como seu pai, pois:
a) É de Linhares (Carrazeda de Ansiães);
b) Estudou no Seminário, como se confirma pela Lista de 1947/48.
Porém, quanto a Fotos, não existem, para já, indicadores sobre a sua possibilidade. Mas iremos perguntar a Colegas dele e, se houver, já daremos informação pelo seu E-mail.
Um abraço e seja bem-vinda, quando quiser! Felicidades aí pelo Brasil.

Anónimo disse...

De fato é engraçado ver o nome do nosso pai na internet. Sera que ele imaginava isso?
Quando estive là em Linhares ele parecia estar por toda parte...Gosto muito da idéia de que a energia das pessoas fica apesar do tempo apesar de terem ido embora.
Os tempos do seminario...Sera que ele gostava?
Se acharem alguma foto, gostaria muito de poder ver.
Obrigada desde ja.
Angela Santos Cardoso

ChFer disse...

Olá, Angela Santos Cardoso! Como vai?
Creio que é irmã da Cláudia Cardoso, ambas filhas do Manuel Maria Cardoso, de Linhares. Verdade?
Pois bem, essa ideia de que a "energia das pessoas fica", no pleno sentido do termo, sim, é uma realidade. Isso só prova que a imortalidade da alma, tema que já vem da filosofia platónica (mas não confundi-la com metempsicose!), constitui uma das prorrogativas do ser humano, aquela mesma que o prolonga para além do corpo. Seria muito interessante discutir o assunto, mas não temos espaço aqui. Para outra altura...
Até hoje, não consegui que me dessem uma foto do MMCardoso para publicar. Também gostava de tê-la, mas não sou do tempo em que ele frequentou Vinhais. Continue a pedir, pois pode suceder que algum dos alunos do tempo ainda tenha fotos pessoais ou de grupo.
Um abraço.